sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Palavras do autor

Louvo o Nome Santo do Senhor nosso Deus, todos os dias, pois tem colocado em minhas mãos ferramentas para difundir  "As Boas Novas de Salvação". Me presenteou com uma faculdade de Comunicação, me capacitou pela unção do Espírito Santo e me ordenou que pregasse a Sua Palavra. Há alguns anos atrás escrevi um comentário aqui neste espaço sobre interatividade e para tal texto, postei esta foto, tirada ao lado de uma de nossas Congregações. Mal sabia que viria a ser pastor e transformaria este Blog em un espaço a serviço do evangelho.  Eu quero todos os dias escrever aqui, algo sobre a única que pode edificar a sua vida (A Palavra de Deus), pois para isso o Senhor me levantou. Creio que o Espírito Santo do Senhor dirigirá as minhas mãos sobre o teclado do computador e as palavras que meus movimentos produzirem, não sejam do meu próprio pensamento, mas desejo de todo o coração que sejam a verbalização do plano de Deus para as nossas vidas! Você vai notar que eu preservei algumas publicações não evangélicas, do tempo em que este blog ainda se prestava a este serviço, pois julguei que são textos interessantes!

domingo, 19 de outubro de 2008

Laranja agora se come? Cadê o caldo?


No verde paraíso das frutas só há trutas e as laranjas não tem mais suco, acho tudo doido demais! O princípio básico de uma laranja para ser considerada laranja, além de outras características, como ser redonda ou no máximo oval, ter aroma cítrico e forte acidez no sumo da casca, deveria ser o suco.

A gente come laranja hoje em dia, já perceberam? Ou pelo menos o que dizem ser laranja. Se não for egana muito bem. O gosto até é parecido!

Prestem atenção nos caminhões que cruzam esse país transportando-as. Não nos caminhões exatamente, mas na cor das laranjas que eles transportam: verdinhas como as colinas orvalhadas do sul do nosso Brasil. Apanhadas fora da hora, na pressa de abastecer o mercado.

Sou do tempo em que se chupava a laranja e se comia o bagaço (que aliás é digestivo), mas sei que o contrário não é possível: comer a laranja e chupar o bagaço. Até porque nem bagaço dá.

Abaixo a laranja de comer, queremos a laranja de chupar! Abaixo a laranja de comer, queremos a laranja de chupar…

Os fantasmas de victor


No momento que ainda contorço para desvencilhar-me dos embaraços causados pela busca do significado da semiótica (de Pierce a Saussure), ler Folquening tão leve em seu trânsito pelos recôncavos da língua é como saborear cada instante de uma viagem no trem de prata em noite de verão. Sem qualquer necessidade de Limonada Suíça.


Sua mira (foto maravilhosa da sacada do castelo, em que as madeixas da “bela vista” aparecem simbolizadas pelas colinas goianas) e sua técnica semelhantemente causam-me espanto, no momento em que as frustrações advindas de um semestre compacto (bicho duro de acabar, parecia não querer se dar por vencido, mas arrematado pela saborosa palestra, termina com gosto de “preciso de mais”), despertam em mim o desejo de saber para também poder (uma das bases da teoria foucaultiana), discorrer como o fez, tomando por base um fio de teia e transformando-o no mais robusto, imaginável, condutor da motivação jornalística: a arte de investigar, ouvir, calar, ouvir mais, juntar, checar, desbaratar, contar.


Não posso negar que me assusta um pouco ainda o fio de sua língua, quer dizer, escrita, quando trata tão acidamente o meu Araguaia. Suas observações têm um sabor agridoce. Meio de riso, meio de choro.


Embora eu saiba que há verdade em tudo isso, dói um pouco quando vem de outra boca. Queria eu mesmo poder adverti-lo antes e gritar quase sussurrando: “cuidado, vão te perceber”!
Foi tarde….você esteve no berçário jornalístico do meu lugar e encorajou-nos a fazer só, só. Quase ficar de pé. É maravilhoso quando vislumbramos nossa criança ensaiando os primeiros passos.


Quando andarmos, teremos em você uma ama de leite que nos alimentou um dia com sua paixão pelo jornalismo genuíno. Essa paixão mandou nossos fantasmas assombrarem em outro endereço.

Biodiesel: experiência envolve alunos do ensino médio

Comprovar as alternativas de reciclagem usando uma matéria prima inesgotável foi o que motivou o projeto. O óleo reciclado (óleo de cozinha não mais aproveitável) é o elemento principal, usado na experiência que vem sendo desenvolvida por alunos do ensino médio da Escola Estadual Carlos Hugueney em Alto Araguaia.

Formado em química pela UFMT, o professor Renato Castro de 25 anos, que estranhamente dá aulas de física, trouxe para o âmbito da escola a experiência que começou a desenvolver em casa. A intenção é principalmente incentivar os alunos da escola pública a investirem na pesquisa científica. Ainda hoje se chega à universidade sem saber por onde passou elaborar um projeto de pesquisa. O professor vale-se de uma furadeira (como batedeira) com espécie de espátula na ponta, para misturar e dar ponto ao produto.

Ele conta que só resolveu trazer o experimento para a escola depois de muita leitura e pesquisa e depois de chegar a conclusão de que era necessário convencer, a partir de projetos como esse, que é possível despoluir gerando benefícios para a humanidade e diz que esse foi o primeiro passo, tirando o projeto do papel.

Utilizando além o óleo reciclado, uma solução de hidróxido de sódio e etanol (álcool desidratado), consegue-se extrair o biodiesel ao final de 30 horas de processamento. Renato explica que esse tempo se deve ao fato de ser uma experiência artesanal em pequena escala. “No processamento industrial a agilidade é muito maior. Não tem nem comparação”, disse.

Segundo Renato, o óleo de soja é um dos mais fortes poluentes dos cada vez mais escassos recursos hídricos do planeta. “O óleo de soja quando lançado na água, gera uma quantidade muito grande BDO E DQO, que são poluentes químicos concentrados”, explica.
“Isso pode ser evitado. Ao invés de ser jogado na pia da cozinha ou descartado de outra maneira qualquer, esse óleo não mais útil, pode ser juntado em garrafas e encaminhado para o nosso projeto aqui na Escola”, recomenda.

Para essa primeira etapa, os alunos saíram no comércio e recolheram a matéria-prima que está sendo utilizada, mas Renato adianta que quem queira ajudar pode entrar em contato com o telefone da Escola Carlos Hugueney: (66) 481.1195

Nena diz que o peixe hoje está escasso nos rios

Em linha reta, mesmo sem descontar as curvas, sinuosas ou não que o Araguaia faz ao longo de seu trajeto até que suas águas comecem a espraiar, deve dar uns trinta quilômetros.
Por terra, seguindo pela MT 100 até alcançar a estrada vicinal que leva à propriedade de sessenta hectares, com casa construída a uns poucos metros da barranca, são cerca de cinqüenta e cinco quilômetros.

O proprietário Ilton Leite Velasco, tratado carinhosamente por Nena é quem cuida dali. Um verdadeiro paraíso às margens do Araguaia. A maioria das vezes ele fica sozinho. A esposa D. Maria do Carmo, já de certa idade, não se acostuma mais a viver longe do centro urbano. Saúde frágil acesso rápido aos recursos médicos. Por isso a maior parte do tempo é ele quem toma conta de tudo, mesmo da cozinha.

Nena reclama que o peixe está escasso. “Os tempos mudaram muito”, diz. “Antes tinha peixe demais! Ali mesmo na Prainha – espicha o beiço mostrando em direção ao rio – já peguei cachara”, gaba-se.

Nutre um grande ciúme de seu material de pesca e do “girau” (uma espécie de píer que possibilita ao pescador ficar quase no meio do rio), o segundo que fez nos últimos tempos. Lá só vai quem for de casa mesmo e os amigos mais chegados.

Em animadas conversas depois do banho e antes da janta, conta que ganhou a vida fazendo ponte. É apaixonado por moda de viola. Sua música preferida é Preto Velho, de Tião Carreiro e Pardinho. Nena arrisca algumas notas e conta que já cantou Pé de Cedro (moda sertaneja de Zacarias Mourão), com José Rico, da dupla com Milionário. Ele diz que toca viola e faz dupla com um amigo e de vez em quando vai para a cidade para tocar a convite.

Todas as tardes ele desce silenciosamente por um caminho coberto de folhas secas, sob as árvores centenárias que se compromissou com o IBAMA de não cortar e a passos leves que quase não se ouve, pisa com muito cuidado cada degrau da escada que termina no girau. Ali, cada passo é calculado para não fazer barulho. “As matrinchans são muito ariscas”, confessa ele.
Por horas e horas ele fica assentado num banco de tábua feito sobre o girau. “Os mosquitos são ‘porvinhas’, mas os que atacam no fim da tarde são borrachudos”, avisa. As picadas queimam feito fogo. “Só calça para agüentar”, lembra. Solta mais de vinte metros de linha, até que ela alcance a curva do rio. “É onde elas ficam. As águas são mais fundas e tem o rebojo, onde a comida pára”, explica Nena.

O fim de semana todo foi ocupado com o fabrico da rapadura de cana de açúcar, que ele vende na cidade, entregando nos mercados a três reais. Essas rapaduras são vendidas ao consumidor final a cinco reais.

A garapa é levada à fervura até virar um melado. Colocado em uma gamela é batido até dar ponto e levado às formas. Ele ensina que para o açúcar mascavo é necessário tirar do fogo uns dois estágios antes do ponto para rapadura.

O fim de semana termina. Ele torna a ficar sozinho, mas avisa: os peixes vão subir mesmo em setembro.

Seminário tirou acadêmicos de comunicação social da universidade

Durante dois dias, acadêmicos do terceiro semestre do curso de comunicação social, com habilitação em jornalismo do Campus da Unemat em Alto Araguaia, estiveram fora da sala de aula. As apresentações dentro da matéria rádio, valendo nota final, começaram na terça-feira (03) a noite.

Nesse período puderam debater sobre estrutura, mercado de trabalho e processo de conversão do sistema de televisão no Brasil com professores e colegas de outros semestres. O que era para ser uma apresentação apenas para a própria turma, por idéia de Janderson Correia, acadêmico do curso, acatada pela professora Aline Wendpap, da matéria de Rádio-jornalismo, foi tirada do âmbito da universidade e se transformou num verdadeiro seminário.
Transferido para o plenário da câmara municipal, os debates ganharam proporções imprevistas.


Tevê digital inicia debates em seminário




No primeiro dia do evento que aconteceu no plenário da câmara municipal, Leandro Wick, professor do curso de jornalismo e bloguista do Notícia Agora On-line, foi sabatinado sobre a instalação do processo de comunicação digital no Brasil, com enfoque na comunicação televisiva. o professor respondeu às perguntas durante mais de uma hora.
O segundo assunto girou em torno da aceitação do curso em Alto Araguaia. Em pauta assuntos que transitam desde a estrutura à demanda por vagas, passando pela questão da matriz curricular até o mercado de trabalho.

No segundo dia (quarta-feira, 04), o debate sobre as cotas raciais na universidade abriu a noite. Ondino Rodrigues Lima Neto, ex-comentarista do Jornal Cidade (Rádio Cidade AM), foi o oponente da professora mestre Maristela Abadia Guimarães. A professora defende as cotas e afirma que o negro é discriminado por duas razões: “por ser negro e por ser pobre”. Ondino deu razões superficiais para ser contra e no final acabou revelando que estava apenas fazendo tipo e que era a favor das cotas. Garantiu que queria apenas sentir na pele como era estar do outro lado. Foi aplaudido pelos colegas.
Componentes do grupo disseram que desconheciam a pretensão dessa experiência antropológica de Ondino.

O grupo que em princípio apresentaria um outro assunto, teve seu projeto inicial frustrado (apresentar um debate entre os prefeitáveis de Alto Araguaia). O ofício enviado ao Juiz Walter Thomaz da Costa, pedindo autorização recebeu parecer negativo, teve que mudar na última hora.

O quarto grupo falou sobre os esportes e convidou o secretário de esportes turismo e lazer do município, vereador licenciado Alcides Batista Filho (PT).
Os seminários foram uma espécie de aquecimento para o 1º Colóquio de jornalismo que aconteceu nos dois dias seguintes (quarta e quinta-feiras).

Garimpo é tema de livro de Guia lançado em 2007


Viver ele não vive de literatura, mas ela é uma de suas grandes páixões. A casa e tudo a sua volta tem toda a atmosfera, faz respirar quem a ela chegue, um aroma de poesia, de conto sabiniano. Pela construção verbal de tudo que fala ele lembra um cronista de banco de praça, com capricho, com ênfase no relato que vai desenvolvendo; cosntruindo como o prelúdio para um grande clássico. Com gosto claro pelo narrar.

Chapéu de feltro e camisa de um xadrez bem miudinho (verde e creme), passaram à parte dele como o próprio bigode que, embora os noventa já lhe beirem ainda não se tingiram por completo.

O andar representa alguém nascido bem nascido bem depois de 1924 e apenas a memória levemente atrofiada ou fingida para ser educada, pede à companheira participação na conversa para se localizar no tempo, num ou noutro estágio do assunto. Até para se lembrar do dia do casamento há 51 anos atrás, o lapidário Edson Marques da Guia recorre educadamente à esposa Hilda da Guia, que por cima dos óculos observa o movimento da rua, e da casa, enquanto borda mais um pano de prato (dos tantos que aparecem pendurados em todo canto pela cozinha ampla), sentada a distância em um outro sofá, na confortável sala de paredes antigas, escondidas atrás dos quadros de todos os tipos e tamanhos, representando artes visuais e textuais (são poesias e gravuras) povoada de poltronas xadrezes e estantes. Umas repletas de livros, outras carregadas de portá-retratos. A foto do filho, Ricardo Marques da Guia, morto em Natal, no Rio Grande do Norte e da neta, procuradora Federal, tem lugar de destaque entre as demais. Outras das cunhadas, dos concunhados, dos netos, dos sobrinhos da filha e muitas de todos.

Para dizer que feijoada era seu prato preferido nos tempos dele mais moço, não faz esforço nenhum. Logo o seleciona entre as opções. Elege ainda hoje o feijão como o rei da mesa, mas admite que com o passar dos anos houve certa dilação em suas preferências. Filho do garimpeiro Elpídio Marques com Eugênia da Guia, demonstra orgulho por ter nascido num lugarejo chamado Café (hoje já inexistente), no município de Alto Garças. Um Vau no córrego do Café (nome dado ao córrego por ser a parada onde os viajantes faziam café para merendar) deu nome ao lugar povoado por garimpeiros, aonde seu pai chegou em 1918, e de onde tirou razões para o seu ofício, aperfeiçoado por treinamentos que fez em Uberlândia, Minas Gerais.

Hoje as ferramentas e o lapidário estão há tantos anos desmontados que contabilizá-los vai tornando-se impossível para sua memória e ele apenas concorda que o tempo é largo entre seu último dia na atividade e os dias atuais.

O quintal de mais de três mil metros quadradados é uma verdadeira floresta amazônica. Pássaros, aves, micos e macacos fazem algazarra durante todo o dia, disputando a atenção do velho morador atento ao som de cada um de forma particular.

"Todas as religiões são falhas. Cada uma tem seus erros e o fanatismo me preocupa", fala enquanto ajeita o bebedouro de um grupo de micos que se aproxima ressabiado. Católico convicto, mas não comprometido ele diz: "Se vou à missa muito bem, mas se não, não tenho paixão por aquilo".

Filho único do casamento de Eugênia, irmão de outros dezenove do primeiro casamento do pai com Adélia Coutinho, há anos que não tem notícias de mais ninguém.

Nenhuma hora ou um dia de sua vida o apanhou completamente dedicado ao ofício de escritor. Escreve aleatoriamente em dias e horas indeterminados, mas sempre no quarto à esquerda no corredor de chegada, onde fica o computador, acompanhado de esculturas que ele mesmo fez e ferramentas para a atividade que dividem a cena com uma imagem da Última Ceia, um violão sobre a cama, debruço para não desafinar, embaixo de uma janela que aparentemente quase nunca é aberta tornando-se cúmplice da penumbra alimentada por sua inoperância.

Algumas das muitas crônicas já publicadas no Jornal Notícia Agora, acompanhadas de O bailar dos vagalumes, texto novo, foram parar no livro Recantos de Minha Terra que ele lançou no ano passado.