domingo, 19 de outubro de 2008

Os fantasmas de victor


No momento que ainda contorço para desvencilhar-me dos embaraços causados pela busca do significado da semiótica (de Pierce a Saussure), ler Folquening tão leve em seu trânsito pelos recôncavos da língua é como saborear cada instante de uma viagem no trem de prata em noite de verão. Sem qualquer necessidade de Limonada Suíça.


Sua mira (foto maravilhosa da sacada do castelo, em que as madeixas da “bela vista” aparecem simbolizadas pelas colinas goianas) e sua técnica semelhantemente causam-me espanto, no momento em que as frustrações advindas de um semestre compacto (bicho duro de acabar, parecia não querer se dar por vencido, mas arrematado pela saborosa palestra, termina com gosto de “preciso de mais”), despertam em mim o desejo de saber para também poder (uma das bases da teoria foucaultiana), discorrer como o fez, tomando por base um fio de teia e transformando-o no mais robusto, imaginável, condutor da motivação jornalística: a arte de investigar, ouvir, calar, ouvir mais, juntar, checar, desbaratar, contar.


Não posso negar que me assusta um pouco ainda o fio de sua língua, quer dizer, escrita, quando trata tão acidamente o meu Araguaia. Suas observações têm um sabor agridoce. Meio de riso, meio de choro.


Embora eu saiba que há verdade em tudo isso, dói um pouco quando vem de outra boca. Queria eu mesmo poder adverti-lo antes e gritar quase sussurrando: “cuidado, vão te perceber”!
Foi tarde….você esteve no berçário jornalístico do meu lugar e encorajou-nos a fazer só, só. Quase ficar de pé. É maravilhoso quando vislumbramos nossa criança ensaiando os primeiros passos.


Quando andarmos, teremos em você uma ama de leite que nos alimentou um dia com sua paixão pelo jornalismo genuíno. Essa paixão mandou nossos fantasmas assombrarem em outro endereço.

Nenhum comentário: